O Centro Histórico de João Pessoa é encantador e, embora ainda não seja um dos principais pontos escolhidos pelos visitantes que vão à capital paraibana, é repleto de atrações interessantes e com uma rica tradição cultural.
Cada vez mais atrativa para os amantes de praia, Jampa (apelido carinhoso de João Pessoa) não decepciona quando o assunto são cenários paradisíacos espalhados por seu litoral, prova disso é a Ponta do Seixas e as piscinas naturais de Picãozinho.
Porém, o foco de hoje é o centro histórico de João Pessoa, que tem algumas peculiaridades, se comparado com outras partes históricas de capitais brasileiras.
O Centro Histórico de João Pessoa é Patrimônio Cultural e Artístico do Brasil, com diversas edificações tombadas pelo IPHAN. A maioria das construções datam dos século XVII e XVIII, com belas amostras dos estilos barroco, rococó, maneirista e art nouveau.
Breve história de João Pessoa
Primeiramente, João Pessoa é um daqueles lugares que precisamos aprender um pouco mais do contexto histórico para entender o que vemos andando pelas ruas.
Fundada em 1585 como Nossa Senhora das Neves, João Pessoa é a terceira capital mais antiga do Brasil. A primeira capela construída por lá, inclusive, foi a da Nossa Senhora das Neves, padroeira da cidade.
Diferentemente de outras capitais do nordeste, que cresceram próximo aos seus portos no litoral, João Pessoa começou a se desenvolver nas margens do Rio Sanhauá, afluente do Rio Paraíba, no atual bairro Varadouro.
Isso se deu, principalmente, pelo ponto estratégico em vista da defesa do litoral e para o comércio de matérias primas, que foi crescendo e fez com que a cidade se tornasse um pólo estadual.
Além dos portugueses, que fundaram a cidade, ali também fez parte da colônia Nova Holanda, resultado da invasão holandesa no século XVII, que teve o intuito de colonizar grande parte do Nordeste brasileiro. Os holandeses também invadiram e ocuparam João Pessoa em 1634.
De onde vem o nome de João Pessoa
A capital veio a receber o nome atual séculos mais tarde, em homenagem a João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, ex-governador da Paraíba, eleito em 1928. Ele chegou a ser indicado para vice-presidente da República na chapa de Getúlio Vargas, que era candidato à presidência.
Entretanto, não só por motivos políticos locais paraibanos, como também por motivos pessoais, João Pessoa foi assassinado por João Dantas em 1930, quando estava em Recife.
Em resumo, sua morte foi o estopim para a Revolução de 1930, um grande golpe de Estado que deu início a Era Vargas após a sucessão presidencial para Júlio Prestes, adversário que havia vencido as eleições, ter sido interrompida.
O que conhecer no Centro Histórico de João Pessoa
Nem só de praias e belezas naturais vive o turista que visita João Pessoa. A cidade também tem um acervo impressionante quando o assunto são construções que marcaram a Paraíba.
Antes de mais nada, caso você preze pela praticidade na hora de programar a sua visita ao centro histórico de João Pessoa, esse City Tour por João Pessoa é ideal para você. Nesse tour, feito pela Luck Receptivo, você passará pelos principais pontos do centro histórico (após uma visita ao Bairro de Cabo Branco).
O preço desse tour é bem convidativo, ainda mais por contar com o apoio de um guia especializado que te contará tudo o que você precisa saber de cada atração histórica e ser incluso o transfer de ida e volta para o hotel que estiver hospedado.
Para visitar esses ricos conjuntos arquitetônicos (com a maioria das construções em estilo colonial, de barroco rococó, art nouveau e art déco) e outros pontos de lazer, é importante saber que o roteiro se divide entre cidade baixa e cidade alta.
Cidade baixa:
- Hotel Globo e todo Pátio de São Frei Gonçalves e a Praça Antenor Navarro, com suas casinhas coloridas.
Cidade Alta:
- Casa da Pólvora, Centro Cultural São Francisco, Igreja Nossa Senhora do Carmo, Teatro Santa Roza, Casarão dos Azulejos, Praça João Pessoa, Parque da Lagoa Sólon de Lucena, Parque Arruda Câmara e Mercado de Artesanato Paraibano.
Vamos a mais detalhes de cada atração a seguir:
Cidade Baixa
Hotel Globo
O Hotel Globo foi construído em 1929 e era considerado o melhor da cidade, sendo muito frequentado por pessoas da alta sociedade da época.
O seu edifício é um dos que estão presentes no Pátio de São Frei Pedro Gonçalves, juntamente com outros pontos de grande significado cultural para João Pessoa.
Exemplo de um deles é a Igreja de São Frei Pedro Gonçalves, que data o ano de 1843 e tem uma linda fachada amarela. Esses pontos ficam perto da Praça Antenor Navarro, no bairro Varadouro, onde estão localizadas diversas casinhas coloridas que são um charme para tirar fotos!
Em virtude da sua arquitetura, característica do século XX, com influências da art nouveau e art déco, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba (mais conhecido como Iphaep) tombou o Hotel Globo, assim como grande parte do acervo patrimonial paraibano.
Nos dias atuais, ele funciona como uma galeria e é bem visitado por ter uma vista privilegiada do Rio Sanhauá e do pôr do sol. A vista do sol se pondo por lá até compete no quesito beleza com a famosa e mais tradicional, na Praia do Jacaré.
Cidade Alta
Casa da Pólvora
A Casa da Pólvora é mais uma construção histórica marcante de João Pessoa, datada de 1710. De 3 que existiam na cidade em tal época, essa foi a única que não foi destruída ao longo dos séculos.
Como o próprio nome já entrega, foi construída para guardar armamentos e munições em um ponto estratégico, já que da Casa da Pólvora era possível observar o Porto do Varadouro, que era o principal da capital antes de existir o Porto de Cabedelo.
Alguns anos após ter sido tombada pelo Iphan, em 1939, o Instituto fez uma restauração na Casa. Por estar localizada na parte mais alta, subindo a Ladeira de São Francisco, ela tem uma vista privilegiada do estuário do Rio Paraíba e de parte da cidade.
Por último, é bom saber que às vezes acontecem eventos culturais no entorno da Casa da Pólvora, fora isso, não há muito o que fazer por lá.
Centro Cultural São Francisco
O Centro Cultural São Francisco é um complexo localizado no final da Ladeira de São Francisco, onde estão situados alguns dos pontos mais importantes de João Pessoa, que datam do final do século XVIII.
Essa importância se dá, principalmente, pelo complexo ser considerado o maior monumento da América Latina no estilo barroco. Ou seja, é notório que esse é o principal ponto turístico do centrinho histórico da capital.
De antemão, você vai conhecer o adro com um cruzeiro, a emblemática Igreja de São Francisco, o Convento de Santo Antônio, a Capela e o Claustro da Ordem Terceira de São Francisco, a Capela Dourada e a de São Benedito e, por fim, a Fonte de Santo Antônio.
Além disso, o conjunto ainda abriga o Museu de Artes Sacras. O preço da entrada e da visita guiada fica em torno de 4 reais.
Em 1952, o Iphan tombou o Centro Cultural em virtude da grande riqueza histórica e artística dos seus monumentos (com destaque para a pintura no teto da Igreja e o muro azulejado do adro), que são cartões postais da cidade.
Basílica de Nossa Senhora das Neves
Primeiramente, a Catedral Basílica de Nossa Senhora das Neves foi inaugurada em 1881 (após algumas reconstruções) na Praça Dom Ulrico, pertinho do Centro Cultural São Francisco.
Devido sua importância histórica para João Pessoa, também foi uma das construções tombadas pelo Iphaep.
Seu edifício chama atenção em meio ao centro histórico em virtude das suas duas torres e a imagem da padroeira Nossa Senhora das Neves no meio do nicho superior.
O seu interior é igualmente impressionante, especialmente pela representação artística do altar principal da Basílica.
Igreja Nossa Senhora do Carmo
Na Praça Dom Adauto, perto do Centro Cultural São Francisco, encontra-se a Igreja Nossa Senhora do Carmo, que começou a ser construída pelos carmelitas no século XVI. Porém, a inauguração aconteceu apenas no século XVIII, juntamente com o abertura do Convento de mesmo nome (atual Palácio Episcopal).
Esse conjunto foi construído em estilo barroco com influência do rococó (vista especialmente no interior), com uma fachada imponente que chama atenção em meio ao centro histórico.
O Iphaep tombou ambas as construções devido sua importância cultural para o Estado paraibano.
Outro patrimônio histórico também tombado pelo Iphan foi a capela de Santa Teresa, construída no século XVIII ao lado da Igreja Nossa Senhora do Carmo.
Casarão dos Azulejos
Esse Casarão, onde morava o comendador Antônio dos Santos Coelho e sua família, foi construído em XIX em frente a Igreja Nossa Senhora do Carmo e chama a atenção no centro histórico pela sua fachada coberta de azulejos azuis trazidos de Porto (se passar por ali desavisado, pode-se pensar até que está a caminhar por Portugal).
Devido sua arquitetura colonial (tipicamente portuguesa), se tornou um destaque na Paraíba por ser um dos maiores e mais lindos exemplares desse estilo no Estado.
Atualmente, o Casarão dos Azulejos é um centro administrativo e cultural da capital.
Ademais, assim como a maioria das construções do centro histórico de João Pessoa, o Iphaep também tombou essa edificação nos anos 80.
Teatro Santa Roza
Na Praça Pedro Américo está localizado o Teatro Santa Roza, inaugurado em meados de 1889 e considerado um dos teatros mais antigos de todo Brasil.
Recebeu esse nome em homenagem ao sobrenome do presidente da Paraíba na época, Francisco da Gama Roza, antes da proclamação da república acontecer alguns meses depois.
Apesar de ter sido restaurado e reconstruído, o edifício não perdeu seu estilo arquitetônico neoclássico, com influência barroca.
O Teatro da Roza, tombado pelo Iphan no início dos anos 90, ainda recepciona apresentações de dança, música, peças teatrais e muito mais. Você pode ficar de olho na programação do Teatro na página do Instagram deles.
Praça João Pessoa
A Praça João Pessoa, também conhecida como Praça dos Três Poderes, conta com o Palácio do Governo, a Assembleia Legislativa e o Tribunal de Justiça do Estado – que representam os poderes executivo, legislativo e judiciário.
Além de abrigar esses importantes edifícios, a Praça também é conhecida pelo seu conjunto de esculturas com as palavras “ação”, “civismo” e “nego” embutidas.
Entre elas, a mais famosa é a estátua do ex-governador da Paraíba, João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, cujo assassinato foi estopim da Revolução de 1930.
Parque da Lagoa Sólon de Lucena
Tombado pelo Iphaep nos anos 80, o Parque da Lagoa Sólon de Lucena é um ponto de lazer e área verde em meio ao centro histórico de João Pessoa.
Antes de se tornar um dos cartões postais da cidade, a lagoa fazia parte de um sítio pertencente aos jesuítas no início do século XX.
Algum tempo depois (por volta de 1922), Sólon de Lucena, o então governador da Paraíba na época, transformou a região da lagoa em um parque público que veio a receber seu nome em homenagem.
Conhecido pela sua área verde, com palmeiras plantadas em volta da lagoa, jardins e outras árvores remanescentes da reserva da Mata Atlântica, o Parque também é um local para os praticantes de ciclismo e corrida.
Por estar em uma região mais central, há várias opções de restaurantes e hotéis localizadas perto do Parque. Ele também está próximo a outros pontos turísticos famosos de João Pessoa, como o Centro Cultural de São Francisco e o Parque Arruda da Câmara.
Parque Arruda Câmara
O Parque Arruda Câmara, conhecido popularmente como Bica, é na verdade um jardim zoobotânico. É interessante saber que o Iphaep reconheceu o Parque por ser um dos pontos com maior diversidade ecológica em João Pessoa.
Ou seja, ele é, sem dúvidas, uma boa opção para quem deseja fugir do cotidiano agitado característico das cidades grandes.
O Parque conta com a Fonte de Tambiá (que guarda uma lenda dos povos originários) e muitas atividades educativas e programações para agradar o mais variado tipo de público, especialmente crianças.
Por fim, você pode desfrutar dessa experiência incrível pagando muito barato pelo ingresso, que custa 2 reais por pessoa (a entrada de crianças de até 7 anos e idosos acima dos 65 é gratuita).
Atrações além do centro de João Pessoa
A história de João Pessoa, como pôde ver, é antiga. E, justamente por estar cada vez melhor no quesito infraestrutura, especialmente para receber os turistas que queiram ter essa experiência cultural por lá, a capital está cada vez mais em ascensão.
Como há muito mais opções de o que fazer em Jampa além de passear pelo centrinho histórico, confira nossas dicas de como aproveitar o melhor da cidade e seus arredores nestes outros artigos do blog:
- Pôr do sol na Praia do Jacaré – região metropolitana de João Pessoa;
- Ponta do Seixas em João Pessoa – ponto mais oriental das Américas;
- Litoral Sul de João Pessoa – Conde e Pitimbu;
- Litoral Norte de João Pessoa – Cabedelo e Lucena.
- Onde Comer em João Pessoa – Melhores Bares e Restaurantes
Assim, você pode estender seu roteiro (caso tenha tempo de sobra) e passar por outros pontos famosos e paradisíacos da Paraíba.
3 comentários
Olá
Irei conhecer João Pessoa em breve
É um sonho a realizar-se
Grata
Excelente materia. Somos almas viajantes em busca de historias!
Muito bom o roteiro, pretendo passear por lá hoje, grato pela ajuda.